Flamengo Mostra sua Força no Clássico
Flamengo vence o Vasco e mostra as diferenças no campo e na estrutura dos times
Flamengo e Vasco protagonizam o “Clássico dos Milhões”, o duelo mais populoso do Rio de Janeiro. No entanto, nos últimos anos, a disparidade entre os dois clubes só aumentou. Desde a final do Campeonato Carioca de 1988, quando Cocada marcou o último gol do Vasco em uma decisão contra o Flamengo, o Rubro-Negro jamais perdeu uma final estadual ou nacional para seu rival.
A diferença também aparece nos confrontos recentes: nos últimos 30 jogos, o Vasco venceu apenas duas vezes, enquanto o Flamengo saiu vitorioso em 17 oportunidades. E a situação atual dos clubes reforça esse desequilíbrio.
O Flamengo passou por uma reestruturação econômica que elevou seu faturamento à casa do bilhão, permitindo a montagem de elencos tecnicamente superiores. Enquanto isso, o Vasco enfrenta dificuldades financeiras devido a gestões anteriores e à instabilidade da SAF, que agora busca um novo investidor.
Dentro de campo, o Vasco adota um estilo de jogo reativo, apostando em jogadas aéreas para Vegetti ou em lampejos individuais de Coutinho e Payet. No entanto, a irregularidade dos dois jogadores tem sido um problema: Payet não participa de um gol há mais de seis meses, enquanto Coutinho tem marcado ocasionalmente, mas abaixo das expectativas.
O Flamengo, por outro lado, encontrou no técnico Filipe Luís a identidade ofensiva que buscava. Desde que assumiu o clube no fim de 2024, levou apenas nove jogos para conquistar a Copa do Brasil. Depois, ergueu a Supercopa do Brasil sobre o Botafogo. O mais impressionante? Filipe tem mais títulos do que derrotas no comando do Flamengo, perdendo apenas um jogo até o momento.
O Flamengo de Filipe Luís se destaca pela pressão alta e controle absoluto das partidas. No último clássico, o Vasco foi encurralado e precisou recorrer a lançamentos longos para Vegetti, tentando fugir da pressão. O próprio Fábio Carille, técnico vascaíno, admitiu que os chutes longos foram mais uma necessidade do que um plano predefinido.
Danilo se destacou no clássico
Com isso, o Flamengo dominou amplamente. Quando não recuperava a bola no campo ofensivo, construía pacientemente desde a defesa. Danilo foi essencial nessa função, conduzindo a bola com segurança e quebrando linhas para encontrar Arrascaeta e Plata livres. Foi dessa forma que nasceu o pênalti convertido por Bruno Henrique.
Bruno Henrique no momento da cobrança do pênalti contra o Vasco
Apesar da superioridade, o Flamengo ainda tem um desafio: a falta de um centroavante de referência. Com Pedro lesionado, Filipe Luís tem improvisado jogadores na função. O resultado é um time de grande volume, mas com menor efetividade contra adversários fechados.
Isso explica por que, mesmo com amplo domínio, o Flamengo venceu por apenas 1 a 0 até os minutos finais, quando Wesley arrancou e serviu Everton Cebolinha para um golaço no ângulo.
Wesley sobrou em campo
O Vasco teve um breve momento de reação no segundo tempo. Carille ajustou a equipe, tornando-a mais compacta, e a nova disposição tática dificultou a pressão flamenguista. Foi assim que Vegetti quase empatou com uma cabeçada perigosa.
Mas Filipe Luís reagiu rapidamente. Com Léo Ortiz e Allan, estabilizou a saída de bola, controlando a pressa do time. Com Luiz Araújo e Cebolinha, renovou a pressão ofensiva. Arrascaeta, apesar da importância, pode ter sua minutagem gerenciada ao longo da temporada.
O 2 a 0 confirmou a superioridade do Flamengo, mas também escancarou as diferenças estruturais entre os clubes. Mais do que um duelo tático, o clássico no Maracanã refletiu a distância econômica e de elenco que separa Flamengo e Vasco atualmente.