Ronaldo mira a presidência da CBF
Ronaldo pede transparência e apoio da FIFA para eleição da CBF, mirando uma gestão inovadora

Ronaldo enviou uma carta à CBF, Fifa, Conmebol e clubes das Séries A e B. O ex-jogador pediu mais transparência na eleição da entidade. Pré-candidato à presidência, ele quer que a data do pleito seja definida com pelo menos um mês de antecedência. Além disso, solicitou a supervisão da Fifa e da Conmebol para garantir legitimidade ao processo.
Na semana passada, a decisão do STF, manteve Ednaldo Rodrigues no comando da CBF até março de 2026. No entanto, a eleição pode ser convocada a partir de 23 de março deste ano. Ronaldo critica o modelo atual, alegando que ele dificulta candidaturas alternativas.
A CBF respondeu que respeita a manifestação do ex-jogador. Segundo a entidade, seu estatuto foi revisado pela Fifa e aprovado pelas federações estaduais. Para oficializar sua candidatura, Ronaldo precisa do apoio de quatro federações e quatro clubes.
O último período eleitoral da CBF com dois candidatos ocorreu em 1989. Na ocasião, Ricardo Teixeira venceu Nabi Abi Chedid. Hoje, o colégio eleitoral conta com 26 federações estaduais, a do Distrito Federal e os 40 clubes das Séries A e B. Os votos possuem pesos diferentes.
Ednaldo Rodrigues, atual Presidente da CBF
A última disputa na CBF com dois candidatos ocorreu em 1989, quando Ricardo Teixeira venceu Nabi Abi Chedid. Atualmente, o colégio eleitoral é composto por 26 federações estaduais, a do Distrito Federal e os 40 clubes das Séries A e B, com votos de pesos diferentes.
Confira a carta de Ronaldo:
“Prezados Senhores,
Conforme comuniquei publicamente, pretendo me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito. Preocupa-me, no entanto, a falta de transparência e segurança jurídica no processo eleitoral, que pode comprometer a imparcialidade e a legitimidade das eleições.
É notório que, com o estatuto vigente, o presidente em exercício tem controle absoluto de todo o processo – o que, por si só, nos distancia das condições de concorrência leal e isonômica. Além de não contribuir para a integridade do pleito, o modelo dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas.
Ademais, a crise dos últimos anos no comando da CBF, marcada por uma série de interferências externas e disputas judiciais incompatíveis com a autonomia e grandeza da entidade, maculou sua reputação a nível mundial e colocou em risco a sua independência.
Se existe um fato incontestável nesses anos de imbróglio – que, inclusive, antecede a atual gestão – é que essa sucessão de acontecimentos gerou um sentimento coletivo de insegurança jurídica e afetou negativamente a credibilidade da confederação.
Faltam menos de 16 meses para a próxima Copa do Mundo – chegaremos a 2026 com um jejum de 24 anos sem o título – e tudo que o futebol brasileiro não precisa agora é passar por um processo eleitoral de legitimidade duvidosa. O que precisamos é de tempo para dar voz e espaço aos clubes que, unidos, são ainda mais fortes; para escutar as federações em prol de melhorias nas competições e desenvolvimento do esporte em seus estados; para que a força da visão compartilhada, no alinhamento estratégico, nos conduza à mudança.
À luz dessas preocupações, solicito que a data para as próximas eleições – cujo prazo estatutário é de um ano a partir de 23 de março de 2025 – seja definida com antecedência mínima de um mês, a fim de assegurar a organização e participação dos interessados.
Solicito ainda que o pleito seja supervisionado presencialmente pela FIFA e pela CONMEBOL, para dar mais transparência e segurança jurídica ao processo eleitoral, bem como alinhamento aos princípios internacionais de governança no futebol. Está nas mãos do colégio eleitoral a oportunidade e a responsabilidade de atender à urgência de um choque de gestão na CBF, que comece por restaurar a confiança na instituição e seja sustentável no longo prazo. Reitero minha completa disposição colaborativa para a reconstrução da credibilidade e proteção do futuro da entidade. O futebol brasileiro é patrimônio público – cabe a nós defendê-lo.”
A nota da CBF
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) recebe com respeito e atenção o questionamento feito por Ronaldo sobre a legitimidade e transparência do processo eleitoral da entidade. Em um cenário esportivo onde a governança e a conformidade com as normas são pilares fundamentais, prezamos pela clareza e pela adesão aos mais elevados padrões institucionais.
Gostaríamos de esclarecer que o estatuto da CBF foi revisado pela FIFA e, posteriormente, aprovado em assembleia pelas 27 federações estaduais que integram o sistema do futebol brasileiro. Esse estatuto, que rege não apenas o processo eleitoral, mas também todas as diretrizes institucionais da CBF, é um documento público e está disponível para qualquer pessoa interessada em conhecer suas disposições.
No que se refere ao processo eleitoral, ele segue critérios objetivos e bem definidos, garantindo que qualquer pessoa que atenda aos requisitos formais possa apresentar sua candidatura. A governança da CBF prima por um modelo transparente e democrático, permitindo que aqueles que desejam contribuir para o desenvolvimento do futebol brasileiro possam fazê-lo de maneira legítima, respeitando os trâmites estabelecidos.
Por oportuno, informamos que a organização das eleições da CBF é responsabilidade de Comissão Eleitoral independente, cuja atribuição é justamente assegurar o cumprimento das normas estatutárias eleitorais e a lisura do processo eleitoral, a qual estará à disposição dos candidatos para o recebimento e análise de demandas relacionados ao pleito.
Ressaltamos que a CBF está e sempre esteve aberta ao diálogo, acreditando que um ambiente de debates respeitosos e construtivos fortalece não apenas a entidade, mas também o futebol nacional como um todo. Caso tenha interesse em obter mais informações sobre o processo eleitoral ou outros aspectos institucionais da CBF, permanecemos à disposição para esclarecimentos adicionais.”
Opinião: Futebol brasileiro precisa de mudanças
A crise na Seleção Brasileira e a falta de organização do futebol nacional evidenciam uma gestão ineficaz da CBF. O calendário desajustado, a ausência de regras modernas e a falta de profissionalização da arbitragem são reflexos desse cenário. Enquanto alguns clubes enfrentam maratonas exaustivas, outros sofrem com longos períodos sem jogos.
Ademais, a negociação frustrada com Carlo Ancelotti reforça essa desordem. O treinador foi anunciado como futuro técnico da Seleção, mas renovou com o Real Madrid, deixando a CBF sem opções. Além disso, a passagem de Fernando Diniz pelo cargo ocorreu sem planejamento. Primeiro, ele acumulou funções no Fluminense. Depois, foi demitido sem um sucessor definido.
Outro ponto crítico foi a instabilidade jurídica. Ednaldo Rodrigues teve seu mandato cassado por uma liminar e só retornou ao cargo através de outra decisão judicial. Diante desse caos, a única solução viável para o futebol brasileiro é uma mudança democrática e transparente na gestão da CBF.
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