Crise na ESPN: jornalistas afastados
Afastamento de seis nomes da ESPN gera críticas, repercute no jornalismo e levanta debate ético
O afastamento de seis jornalistas da ESPN, noticiado pelo UOL nesta quarta-feira (9), causou grande repercussão e provocou críticas contundentes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Foram afastados os profissionais Dimas Coppede, Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner e William Tavares, todos participantes do programa “Linha de Passe” exibido na última segunda-feira (8), que abordou denúncias da Revista Piauí contra a gestão de Ednaldo Rodrigues na CBF.
Segundo informações, os jornalistas ficaram fora da programação por dois dias e devem retornar ao ar nesta quinta-feira (10). Gian Oddi, um dos afastados, negou qualquer tipo de censura e afirmou que a decisão foi tomada devido à ausência de procedimentos internos necessários para a veiculação do programa.
SJSP e Fenaj repudiam decisão da ESPN
Em nota conjunta, o SJSP e a Fenaj classificaram o afastamento como um ataque à liberdade de imprensa e prestaram solidariedade aos jornalistas:
“Manifestamos veemente repúdio ao inaceitável afastamento, pela TV ESPN, de seis jornalistas do programa ‘Linha de Passe’. A decisão ocorreu após o programa repercutir as denúncias da Revista Piauí sobre a CBF, em uma atitude que representa um flagrante ataque ao exercício do jornalismo.”
A nota também destaca que, segundo as entidades, a ESPN já tinha ciência prévia da pauta abordada, uma vez que o tema havia sido divulgado por um dos profissionais horas antes do programa ir ao ar. Ainda segundo o texto, “nada na edição fugiu aos princípios do bom jornalismo que justificasse qualquer tipo de punição editorial”.
CBF nega interferência
A Confederação Brasileira de Futebol se posicionou sobre o caso e negou qualquer envolvimento na decisão da ESPN:
“A CBF respeita a liberdade de imprensa com responsabilidade e não solicita interferências de nenhum tipo na linha editorial dos veículos de comunicação. Qualquer narrativa diferente desta é mentirosa e leviana.”
O episódio reacende o debate sobre a liberdade de imprensa e o papel dos veículos de comunicação frente às pressões externas. A mobilização de entidades jornalísticas também reforça a importância da transparência editorial e do respeito à autonomia dos profissionais da mídia.